Liturgia Semanal

Inspirado nas Meditações Bíblicas. Irmãs Dominicanas de Taulignan. Supl. Panorama. E. Bayard. Paris.

19 de abril de 2012

III DOMINGO DA PÁSCOA – 22/ABRIL/2012 Sta SENHORINHA (924-982); AHA DA SIRIA (~457-556).


Sta SENHORINHA (924-982). Natural de Vieira do Minho era prima de S.Rosendo e viveu num mosteiro de Cabeceiras de Bastos de que restam apenas vestígios arqueológicos. Apesar de só no séc. XVIII o ofício de StaSenhorinha ter entrado no Breviário Bracarense, já desde o século XIII esta festa fazia parte dos calendários da Igreja e das Ordens monásticas. Os primeiros reis de Portugal eram dela devotos.
AHA DA SIRIA (~457-556). Antigo escravo persa, converteu-se à fé cristã com o seu amo. Aos dezoito anos fez-se monge e mais tarde fundou mosteiros na região de Ninive, na Síria. Visitou Jerusalém, Antioquia, e Constantinopola. Pregou O Evangelho aos Arménios.

Actos 3,13-15, 17-19 ; Sal 4, 2-4. 7. 9 ; 1 João1-5a ; Lucas 24, 35-48  

“É Ele !”

“Vêde as Minhas mãos e os Meus pés…” Porquê esta insistência de Jesus em mostrar as Suas chagas ? Porque se tratava de manifestar que O Ressuscitado era O próprio Jesus, O mesmo que vivera com os discípulos, que tinha comido e bebido com eles e morrera cravado numa cruz.
A vida de Jesus na terra não foi um mero parêntesis ; embora, partilhando a Glória dO Pai, Ele ficou indelevelmente marcado por tudo o que viveu durante os seus tinta e três anos. A amizade partilhada, os humanos laços tecidos ao longo da vida não foram apagados com a morte e ressurreição. Esses laços perduram e são motivo da nossa esperança.

A Ressurreição de Cristo e a nossa não veio destruir o que somos, veio antes transfigurá-lo, conferindo-lhe plena e inteira realidade. Também nós, tal como os discípulos, podemos desenvolver já neste mundo a amizade com Jesus, se escutarmos a sua Palavra e partilharmos O seu Corpo e Sangue na Eucaristia que nos mandou celebrar.
Essa amizade nunca há-de passar ! “Era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a Meu respeito” Quando Cristo diz aos apóstolos :“era necessário”, ensina-os a reconhecerem que, com o passar dos dias e dos milénios, se faz a lenta mas segura maturação da humanidade nova que um dia se reunirá n’Ele. É esta a verdadeira“compreensão das Escrituras”. Não significa portanto que tudo já estivesse escrito, programado, mas apenas que tudo estava na linha do Desígnio de Deus. Então todas as coisas ficaram claras para os discípulos: compreenderam que O Deus do Amor e do Perdão não podia deixar de levar até ao fim O Seu Amor e O Seu Perdão. Certamente que a Aliança do perfeito amor entre Deus e a humanidade só seria possível selar-se no homem-Deus, n’Aquele que “É” o próprio Amor.
Para nos arrebatar à morte – na Luz da Ressurreição – “era necessário” que Ele próprio experimentasse a morte. Para nos ensinar a vencer o ódio com a força única do amor “era necessário” que Ele afrontasse o ódio e o escárnio. Para inaugurar a nova humanidade capaz de conhecer O Pai, “era necessário” que viesse revelar-nos a verdadeira face de Deus sob o Seu rosto humano: “Quem Me vê, vê O PAI”.

Este “era necessário” foi explicado a Pilatos pelo próprio Jesus, no decorrer da Sua Paixão: “Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade…” João 18, 37.