Liturgia Semanal

Inspirado nas Meditações Bíblicas. Irmãs Dominicanas de Taulignan. Supl. Panorama. E. Bayard. Paris.

12 de maio de 2012

V DOMINGO DA PÁSCOA – 06/MAIO/2012 DIA DA MÃE; STOS ANDRÉ KIM e 102 CC. (de 1791 a 1866).


Mártires coreanos, canonizados por João-Paulo II em 1984, na visita à Coreia do Sul comemorativa dos 200 anos da implantação do cristianismo (comunidade cristã única na história da Igreja pois foi iniciada só por leigos).

Actos 9, 26-31 ; Sal 21, 26-32 ; 1João 3,18-24 ; João 15,1-8

Os discípulos “enxertados” em Cristo

A vinha, os sarmentos, a cepa:Jesus fala escolhendo exemplos tirados da vida de todos os dias dos Seus ouvintes. Deus toma assim um rosto concreto e familiar. O primeiro convite deste domingo será talvez “falar d’Ele a partir das realidades, simples e quotidianas”. Não devemos procurá-lO fora da nossa existência ! Apenas aí Jesus nos fala. Dirige-Se aos Seus. A comparação à cepa e aos sarmentos ilustra o elo vital entre Jesus e os discípulos. Os “discípulos-sacramentos” é da sua ligação à cepa que recebem a seiva da vida e da fecundidade. Depois Jesus vai mais longe e espanta todos os que O seguem : “Permanecei em Mim como Eu em vós”. Como se poderá “permanecer” em alguém ? A comparação à vinha e aos sarmentos é transversal ao conjunto da passagem do Evangelho. 


O verbo “permanecer em (ou sobre)” repete-se pelo menos oito vezes com actores diversos: Jesus, a cepa, os discípulos, as palavras. Os discípulos devem assegurar-se que estão “enxertados” na cepa que é Cristo. O verbo “permanecer em” reforça essa ligação única entre a videira e os sarmentos. Mas, porque será Jesus a “verdadeira” vinha ? Porquê avisar os discípulos que, para Jesus, eles serão Seus discípulos, se eles já agora o eram ? João redige este Evangelho (último a ser escrito) alguns anos depois dos acontecimentos da Páscoa. Por isso pensa na situação concreta dos discípulos no tempo depois da Páscoa. O discípulo cristão prende-se inteira e vitalmente aO Senhor ressuscitado. Se ficar no seu lugar formará apenas Um com Ele. Os sarmentos desenvolvem-se, resistem e dão fruto, graças à videira. Ao nível da fé, O evangelho a anunciar se estiver separado de Jesus (verdadeira vinha que leva à Verdade de Deus) ficará morto e estéril sem poder fazer nada. O Senhor Jesus está hoje vivo, com a Vida divina, junto de Deus Seu Pai. A Sua vida nova circula em todos os sarmentos que “permanecem” em Cristo. Então, com toda a certeza eles hão-de manifestar a vida nova e divina recebida dO Senhor.

COMPANHEIRO DE TODAS AS NOSSAS TRAVESSIAS. Para nós, o evangelho de hoje evoca os textos de grandes místicos. Permanecer em Deus pode significar orar, encontrar n’Ele o repouso e a paz. Não esqueçamos porém que Jesus profere estas palavras no momento em que ia “sair deste mundo para O Pai”. Antes de Se entregar à experiência da Sua Paixão e Ressurreição, Jesus convida os discípulos a ficarem em comunhão de destino com Ele: “Permanecei em Mim”, significa “Atravessai coMigo os barrancos das trevas e da violência e permanecei coMigo até à vida plena da Ressurreição”. Os discípulos são chamados a ter confiança total, o que os levará a colocarem suas vidas nas mãos de Deus embora continuando bem enraizados no mundo. E Jesus acrescenta “como Eu em vós” : promessa da Sua Presença, do Seu sopro vivificador. Os discípulos podem recordar-se do caminho percorrido : Cristo derramará entre eles, ainda a ternura e a misericórdia que sempre lhes prodigalizou, e há-de dar-lhes esse espaço benfazejo onde recuperarão as forças.

Então permaneçamos n’Ele, sem fugir às realidades do mundo numa espiritualidade desencarnada, empenhando -nos em levar as alegrias e os sofrimentos com Cristo, para assumirmos a nossa humanidade.