Escreve Lúcia : “Vimos sobre uma carrasqueira uma Senhora
vestida de branco, mais brihante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa
que um copo de cristal atravessado pelos raios ardentes do sol” (…) “Quereis
oferecer-vos a Deus para suportar os sofrimentos que Ele quiser enviar-nos num
acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão
dos pecadores ?” (…) “Rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz para o
mundo…”
Actos 10, 25-26. 34-35. 44-48 ; Sal 97, 1-4 ; 1João 4,
7-10 ; João 15, 9-17
Nada mais além dO Amor
Jesus está prestes a passar deste mundo para O Pai. Já não
ficará por muito tempo na proximidade física dos discípulos. É então que, neste
“discurso de despedida”, lhes deixa o testamento do amor fraterno:“Amai-vos uns
aos outros como Eu vos amei”, a preparar os discípulos para o tempo da Igreja
prestes a iniciar-se. É que a morte na Cruz e o seu regresso aO Pai não põem
termo à amizade vivida até aí; esta porém terá que ser vivida no mundo a partir
de agora de outra maneira, como uma Presença no íntimo de uma aparente
ausência.
A Escritura não começa com o amor do homem por Deus mas com
O Amor de Deus pelos homens. Assim, nós não somos apenas amáveis : somos seres
profundamente amados. No Levítico, o povo de Israel já está consciente das
implicações“horizontais”da Aliança com Deus através do Mandamento : “Tu amarás
o teu próximo como a ti mesmo” (Levítico19,18). Com Cristo o amor fraterno
torna-se muito mais que um simples código de conduta moral. Ao dar-lhes este
Mandamento, Jesus faz entrar os discípulos no acto de amor que O Iiga aO Pai. O
amor que Jesus propõe aos cristãos compromete-os a agirem para servir os
outros. A comunhão com Deus é inseparável da comunhão com os homens. Eis-nos
transformados pela palavra de Deus, a abrir-nos aos pagãos, ao conjunto das
nações, aos que estão longe. É que Deus não estabelece diferenças entre os
homens ; subitamente, cada cristão terá que cultivar um amor sem barreiras nem
fronteiras: um amor que tem como modelo a bondade sem limites de Deus para cada
um das Suas criaturas.
É neste sentido que devem ser lidas as palavras de Bento XVI
na Carta “Africae Munus” : “nós devemos abrir realmente as fronteiras entre
tribos, etnias, religiões, à universalidade dO Amor de Deus”, porque
finalmente, “o amor que nos faz amar o próximo é o mesmo que nos faz amar Deus”
(Sto Agostinho).