Liturgia Semanal

Inspirado nas Meditações Bíblicas. Irmãs Dominicanas de Taulignan. Supl. Panorama. E. Bayard. Paris.

4 de junho de 2012

DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE – 03/JUNHO/2012 JOÃO XXIII, PAPA (1881-1963).


A sua eleição em Outubro de 1958 surpreendeu, mas longe de ser o papa de transição que esperavam, Angelo Roncalli manifestou maturidade e sensibilidade pastoral. Em Janeiro de 1959 anunciou a convocatória de um Concílio Ecuménico que viria a ser um novo Pentecostes em toda a assembleia dos crentes em Cristo. Morreu com a paz dos pobres em espírito sem ver os frutos da sua extraordinária obra.

Deuteronómio 4, 32-34. 39-40 ; Sal 32, 4-6. 9.18-20.22 ; Romanos 8,14-17 ; Mateus 28,16-20

Interroga os tempos antigos !

O Deuteronómio apresenta-se sob a forma de três discursos atribuídos a Moisés. O discurso de hoje terá sido pronunciado no limiar da entrada na Terra Prometida. O Povo parou aí, após 40 de peregrinação no deserto, mas não era ainda tempo de repouso. Israel é hoje aqui convidado a fazer uma releitura do passado, não para cultivar a nostalgia dos “tempos antigos” mas sim para melhor viver o presente. Os versículos recordam-nos a importância das pausas na caminhada para se interrogar a vida que vivemos – pessoal, eclesiástica, humana – e nelas descobri os traços de Deus, sejam eles grandes perturbações ou toques discretos, que nos levam a fazer a experiência da salvação e do amor gratuito.


Não passará por aí a caminhada indispensável para se chegar à Terra Prometida do nosso coração onde, como cristãos, acreditamos que Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, tem a Sua morada ? E aí que somos chamados a parar para escutar a Palavra e beber nas fontes vivas do amor, e a “adorar em espírito e verdade” (João 4,23).

DEUS TRINDADE. “Eu acredito em Deus…” Haverá profissão de fé mais fundamental que esta ? No dia em que a Igreja nos recorda que Deus é Trindade, a pergunta é legítima : “Em que acreditamos nós ?”. Para alguns o sinal da cruz deixou muito cedo de ter qualquer segredo porque os pais e os avós nos ensinaram a fazê-lo no sentido correcto e com a mão certa… Depois, aprendemos no catecismo que “Deus é três pessoas: O Pai, O Filho e O Espírito Santo”, e a catequese ensinou-nos a chamar a isto um “mistério”. Só mais tarde, quando a relação com O Pai, com Cristo e com O Espírito Santo, se tornou regular e fundada no mais íntimo da própria vida, descobrimos que um mistério é afinal uma revelação. O mistério desvenda-se à medida que o vivermos. Compreendemos então que Deus Se torna Alguém que já não é assunto da inteligência mas interrogação do coração. Nesta relação com Deus, somos chamados a permanecer vigilantes e interrogar-nos sobre a imagem que d’Ele temos. Seremos nós daqueles que pensam que Deus deveria fazer desaparecer todo o mal da terra ? Que Ele fiscaliza cada um dos nosso (maus!) passos ? Que intervém quando bem entendemos ? É grande a tentação de fabricar um “Deus” à nossa imagem. Para se ultrapassar a nossa falsa imagem de Deus há que trabalhar a vida inteira. Todavia, se mantivermos uma relação interpessoal com O Pai, O Filho e O Espírito, Deus quebrará essa falsa imagem que d’Ele fizermos. Trata-se de uma passagem com muitas dúvidas e solidão, no fim da qual experimentaremos ser Deus maior que o nosso coração.

No dia em que a Igreja celebra Deus na Sua Trindade, deixemos que Deus seja “Deus em nós”. Onde houver amor e caridade, Deus estará presente.