Actos 10, 34a. 37- 43 ; Sal 117,1-2.16-17. 22-23 ; Col.3,
1-4 (ou 1Col.5, 6b-8) ; João 20,1-9
“VÓS SABEIS O QUE SE PASSOU…” Cristo ressuscitou, Aleluia! Sim,
na verdade Ele ressuscitou! Pedro, ao dirigir-se ao centurião romano Cornélio,
recorda em primeiro lugar o que todos podiam saber: a história de Jesus da
Nazaré desde os seus começos na Galileia até à deposição no túmulo. A seguir
anuncia-lhe o que apenas ele e mais alguns outros tinham testemunhado : esse
Jesus fora ressuscitado por Deus que O fizera Senhor e Juiz dos vivos e dos
mortos. Eis o que de facto sucedeu noutro tempo e lugar. Todavia, se o grito
pascal “Cristo ressuscitou! Sim, Ele ressuscitou de verdade !” continua a
soltar-se hoje dos nossos lábios e a encher-nos o coração, é por esse
acontecimento estar vivo, como semente que deseja frutificar na nossa vida. “Vós
ressuscitastes com Cristo” diz-nos S.Paulo. Tudo o que O Apóstolo escreveu pode
resumir-se assim : “Continuai a ressuscitar com Ele, aqui, agora e sempre”.
“Vós sabeis o que se passou: Cristo ressuscitou !”.
Sim, nós sabemo-lo, mas tão pouco e tão superficialmente !
Trata-se dum mistério insondável por ser também o mistério dO Amor de Deus. Há
2 patamares de conhecimento que teremos de ultrapassar permanentemente porque
quem pretender saber tudo bloqueará o germinar da semente pascal na sua vida e
será causa de sofrimento para toda a Igreja. Cristo está ressuscitado ; na
verdade Ele ressuscitou ! Não sabemos ainda o sentido completo da ressurreição
e uma das lições das leituras da liturgia da Palavra será : ficar abertos e
sensíveis à aprendizagem ; deixar que O Espírito Santo nos ensine, até ao
conhecimento perfeito, até ao cântico de aleluia que cantaremos eternamente no
céu.
VER, COMPREENDER E ACREDITAR (Jo. 20,1-9). O sudário
continuava no lugar, aplanado. Ninguém lhe tocara, mas o corpo já não está ali.
Como se tivesse saído de dentro. João, o discípulo que Jesus amava, avista as
roupas. Pedro contempla-as. Mas nada faz sentido. Quem podia ter tido a ideia
de carregar um corpo nu e repôr todos os panos no lugar ? E porquê ?
Imediatamente, ao entrar também, João “vê” o invisível. Ele “vê”, como quando
se diz: “Eu vejo o que tu queres dizer”. Ou seja, ele compreende. Ele compreende
a realidade daquilo que Jesus tinha anunciado. Ele agora vê que “era necessário
que Jesus ressuscitasse dos mortos”. Mas há ali um facto em bruto que se impõe:
o túmulo aberto, com tudo no lugar como na Sexta-Feira Santa à noite, todavia o
corpo de Jesus foi-se… Falta compreender e interpretar os indícios. A fé no
anúncio que Jesus ressuscitou permite essa interpretação. O encontro dO
Ressuscitado virá confirmar ser bom ter tido fé e virá suscitá-la. Na tarde da
Páscoa, O Senhor fará uma longa catequese aos discípulos de Emaús, abrindo-lhes
o espírito ao entendimento das Escrituras. E ensinar-lhes-á a retomarem o gesto
surpreendente de Quinta-Feira Santa: a antecipação da Sua vinda em glória e
realização da Sua presença. A Eucaristia celebrada na fé irá manter em Si, até
ao regresso dO Senhor, a manifestação perene dO Ressuscitado. Ela cola-nos à
oferenda que Jesus fez da Sua vida.
Comungando O Ressuscitado, morremos em nós mesmos para amar.
Como Ele !