Actos 2,14. 22b-33 ; Sal 15, 5. 8-11 ; Mateus 28, 8-15
“…NÓS SOMOS TESTEMUNHAS”. Esta frase é simultaneamente a
mais antiga e a mais nova do cristianismo. Nela concentra-se o essencial da
primeira pregação apostólica : desde que os Apóstolos tiveram a convicção arraigada que esse Jesus com quem tinham vivido estava vivo para além da morte,
eles sentiram-se invencivelmente impelidos a proclamarem-nO: em Jesus, Deus
agiu duma forma única e definitiva, colocando um selo de veracidade no ensino
dO Nazareno e, mais profundamente, revelada pela Sua condição de Filho.
Após o anúncio inicial, a meditação da Igreja nunca deixou
de voltar a este Mistério primordial para descobrir os seus aspectos e
riquezas. Mesmo hoje, que traz o cristianismo ao mundo, que posso eu, cristão,
dizer de único, senão que, pela Sua ressurreição de entre os mortos, Jesus
Cristo está vivo? Mas como anunciar este Mistério se não O acreditar firmemente
? Hoje é talvez o dia de nos interrogarmos : bem no fundo, na minha
consciência, no meu sistema de valores, na minha interpretação da vida e dos
acontecimentos, qual é o papel do grito do cristianismo “Cristo está
ressuscitado !”
À GLÓRIA DO PAI. Como
é bela a saudação pascal dirigida pelO Senhor às mulheres que se afastam do Seu
túmulo ! Saudação que é o prelúdio dum encontro inesperado. O supliciado, morto
no madeiro da Cruz, aparece resplandecente com um brilho indizível. A Sua carne
entoa um cântico novo : “O meu coração alegra-se e a minha alma exulta (…) Tu
não me entregarás à morte (…) Tu ensinar-me-ás o caminho da vida” (Salmo 15, 5.
8-11) Com Ele, cada um dos que acolhem a Boa Nova de uma vida mais forte que a
morte pode cantar este hino à glória dO Pai. Não tenhamos medo, Cristo
ressuscitou verdadeiramente. Não era possível que a morte O retivesse. Cristo
sai deste mundo como “vencedor”. Jesus é O único verdadeiro vencedor, porque
Sua vitória sobre a morte é também a vitória de todos nós.
A vitória do Ressuscitado na manhã da Páscoa está desde
então escondida, mas, como uma semente, continua bem viva por toda a parte,
mesmo nos nossos defeitos : os com que fazemos sofrer os outros, e aqueles, dos
outros, que nos fazem sofrer.