Liturgia Semanal

Inspirado nas Meditações Bíblicas. Irmãs Dominicanas de Taulignan. Supl. Panorama. E. Bayard. Paris.

27 de abril de 2014

II DOMINGO DE PÁSCOA – 27/ABRIL/2014



 Actos 2, 42- 47 ; Sal 117, 2-4.13-15. 22-24 ; 1 Pedro 1, 3-9 ; João 20,19-31




UMA CADEIA DE TESTEMUNHAS. A Escritura transmite-nos a experiência de Tomé que, de longe, exprime a mais bonita confissão do evangelho de S.João, maior que Pedro, que será confirmado como pastor pelO Ressuscitado, maior que Maria Madalena, reconhecida na tradição cristã como apóstola dos Apóstolos pelo seu encontro com Cristo que a afastou dos túmulos. Estes nomes são preciosos, pois cada um deles lembra-nos a singularidade de uma existência humana, atravessada pela Ressurreição ao ponto de ver a vida transformada no interior, e colocada ao serviço da missão da Igreja. O evangelho recorda-nos portanto que a apostalicidade da fé está assegurada por pessoas precisas, únicas, reunidas pela sua relação com Jesus-Cristo.


A exacta transmissão da experiência da Páscoa não está, em primeiro lugar, garantida por um texto, nem por um código de conduta, nem por um rito. Ela passa pela existência concreta de homens e mulheres que inscrevem na sua biografia a novidade da ressurreição de Cristo. Este domingo, essa lista de testemunhas, conhecidas ou não, é aumentada por dois homens do século XX , Ângelo e Karol, os papas João XXIII e João-Paulo II, os quais marcaram profundamente a vida da Igreja e do mundo. Como bispos, em Veneza, em Cracóvia, e depois em Roma, estão inscritos na sucessão apostólica que, para nós, é comprovativa de que a Boa Nova anunciada pela Igreja é precisamente a que foi recebida pelos Apóstolos. Por isso, na unicidade de cada uma das nossas vidas, somos chamados a saborear o perdão que nos soergue nessa vida nova que recebemos em nome de Jesus-Cristo.
 “RECEBEI O ESPÍRITO SANTO…” (João 20,19-31). Os dois relatos de aparição dO Senhor aos discípulos têm o mesmo enquadramento. O Ressuscitado apresenta-se no meio deles com as portas do lugar “aferrolhadas”. O Senhor dirige nos dois igual saudação de paz. O relato sublinha as palavras dO Senhor mas ignora a Sua partida e o que os discípulos fazem a seguir. O primeiro relato refere-se ao envio dos discípulos que recebem O Espírito. O segundo trata da tremenda dificuldade em acreditar nO Ressuscitado sem prova palpável: é-lhes necessário acreditarem sem ver ! Esta pequena conclusão adapta-se bem à totalidade do evangelho de S.João. Se os discípulos não têm provas, eles têm todavia os “sinais” dados por Jesus antes da Sua crucificação. Os 2 relatos das aparições vêm ao encontro das interrogações dos destinatários do evangelho de João. Jesus está sempre presente no meio deles mas de forma diferente à anterior à Sua morte. Sua acção prossegue através dos companheiros que escolhera e que envia a todos os homens. É pelos discípulos que a Boa Nova da salvação, do perdão dos pecados, alcançará o mundo. A partir de agora, o tempo depois da Páscoa é o tempo de “crer sem ver”. Jesus está verdadeiramente com os discípulos, e é de facto o mesmo Jesus, como sugere a narrativa da Sua paixão, mas a Sua presença é bem outra, ela já não é visível. Ele está presente pelO Seu Espírito e Sopro invisível. Tomé representa cada discípulo a quem se pede: “deixa de ser incrédulo, sê crente”. Áqueles que duvidam, o evangelista João remete-os para tudo o que Jesus disse e fez.

As palavras e os gestos de Jesus são os únicos sinais que nos podem ajudar a “crer que Ele é O Messias, O Filho de Deus” e que deseja fazer-nos entrar na Sua vida divina.