Actos 3,1-10 ; Sal
104,1-4. 6-9 ; Lucas 24,13-35
“…TODOS OS DIAS O COLOCAVAM…” (Actos 3,1-10). Anunciam-nos
hoje um milagre significativo, realizado em Nome de Jesus e destinado a
manifestar a Senhoria de Jesus ressuscitado, verdadeiro mestre da Criação. Mas
para o milagre acontecer num dia igual aos outros, fora necessário que, todos
os dias, durante anos alguns homens levassem o paralítico onde ele não podia ir
pelo seu pé, para aí o colocarem e de volta trazerem ao entardecer. Quem eram
eles? Não o sabemos, o texto apenas diz “alguns”; nem sequer sabemos porque faziam
este acto de misericórdia. Certamente não esperariam encontrar nesse dia o
aleijado “a andar e a saltar, louvando a Deus”. Fosse como fosse, cegamente,
ano após ano, eles tinham prestado este serviço e, um dia, o seu alcance e valor
tinha sido transfigurado.
Talvez isto tenha significado para nós; não nos é sempre
possível falar imediatamente “em nome de Jesus-Cristo” (ainda que não devamos
ser tímidos neste ponto) e alargar a missão do apóstolo Pedro. Mas a
continuidade no serviço dos homens, em especial dos mais próximos e, entre
estes, dos mais pobres, aparece-nos hoje no seu significado último: preparação
para a revelação do poder de salvação dO Nome de Jesus.
“A VITÓRIA DEFINITIVA DO AMOR” (Actos 3,1-10). Caminhar com Jesus ganha o sabor de aventura
! Dois discípulos caminham cheios de tristeza, no terceiro dia da morte de
Jesus. Teriam podido ir ao túmulo e talvez também tivessem visto os anjos ! Não
foram porém sensibilizados pelo relato das mulheres e vão mergulhados numa
lógica de desespero. Mas “Jesus em pessoa aproxima-Se e caminha com eles…” O
Ressuscitado toma a iniciativa de Se fazer Seu companheiro de viagem. Os dois
homens que iam para Emaús estavam longe de imaginar até onde o seu misterioso
companheiro de jornada queria levá-los, e a nós com eles. Amando-nos primeiro,
em extremo, até ao fim, Jesus-Cristo abriu o caminho que leva este mundo aO
Pai. Ele acompanha-nos nos caminhos da vida e continua presente, como outrora,
nas preocupações de cada um, na leitura e na interpretação das Escrituras, na Fracção
do pão. Ao partir o pão da hospitalidade para aqueles discípulos, Ele recordou
o Seu corpo rasgado para que todos tivessem a vida. Então seus olhos
abriram-se, como os nossos, cada vez que celebramos a Eucaristia, vitória definitiva do amor sobre a violência e a morte.
Sim ! Não há maior amor do que dar a vida pelos amigos…