Isaías 42, 1-7 ; Sal 26.1-3.13-14 ; João 12,1-11
“EIS O MEU SERVO…” (lsaías 42,1-7).Nós podemos, antes de
abordar as leituras de Isaías, que nos hão-de guiar progressivamente para a
cruz de Jesus, sublinhar uma frase misteriosa do evangelho de amanhã : “Agora O
Filho do homem foi glorificado e Deus foi glorifi-cado n’Ele”. Jesus fala no
passado. Portanto, em todos os acontecimentos precedentes, de que a traição de
Judas marca o desenlace fatal, Deus foi glorificado. Nós, que em princípio
procuramos a glória e a reivindicamos como razão de ser das nossas acções,
deixemo-nos guiar para uma melhor compreensão do que é verdadeiramente para nós
hoje a Glória de Deus. Uma coisa é de imediato evidente : por nós mesmos somos
incapazes de o compreender; arriscamo-nos sempre ao equívoco.
A prova são os sacerdotes que tinham lido, relido e inúmeras
vezes comentado estas passagens de Isaías. Eles faziam o voto de procurar só a
Glória de Deus, e aguardavam O servo ideal, o Eleito de Deus que, pelo poder dO
Espírito, a manifestaria a todas as nações. E todavia não O reconheceram
quando, em carne e osso, Ele veio para o meio deles. Esperavam um Cristo que
viesse conformar a glória de Deus à sua própria glória, que viesse consolidar
as seguranças da sua ciência teológica, da sua moral e religião, e assim
confirmar a aliança firmada com Abraão e a sua descendência… Não lhes atiremos
porém pedras. Na vigília da Paixão, será que os apóstolos viram mais claramente
?
“A CASA FICOU CHEIA COM O ODOR DO PERFUME…” (João 2,1-11). Na
semana em que é proclamada a salvação da humanidade, a liturgia começa com a
história de uma mulher, Maria, a derramar perfume nos pés de Jesus. Porquê? Este
gesto arrebatador de humildade, ditado pelo seu amor vai revelar-se profético.
Maria de Betânia dá a Jesus um presente inestimável, sinal de um amor sem
limites e do reconhecimento da Sua dignidade única. É este perfume que se
espalha na casa, na Igreja. O amor surgido da fé em Cristo, é a expressão do
mistério escondido a todos os sábios e curiosos. Maria teve a intuição da
infinita gratuitidade do Dom de Deus, até à morte e sepultura.
Nesta semana, vamos aproximar-nos do Seu mistério,
acompanhá-lO na Sexta-feira na morte, e no silêncio da germinação de Sábado
Santo, para nos erguermos com Ele na noite pascal. Vamos a caminho desse acto
incrível em que Cristo nos dá a vida.