Actos 2, 14. 22-33 ; Sal 15, 1-2a. 5. 7-11 ; 1 Pedro 1,
17-21 ; Lucas 24,13-35
A ALEGRIA DE EMAÚS (Luc.24,13-35). Não se sabe ao certo onde
fica Emaús. Mas ele não é verdadeiramente um destino. Cléofas e o seu
companheiro caminham sem fim, na noite. Como não lembrar-nos do desalento, em
certos dias, das nossas comunidades cristãs. Mas será disto que se trata? O
relato de Lucas pretende sobretudo inflamar-nos o coração, abrir-nos os olhos,
fazer-nos encontrar O Ressuscitado de forma tão sensível como naquelas Suas
aparições às primeiras testemunhas. Compreendamos bem o que se passa. Jesus
continua igual a Si mesmo, não Se esconde sob disfarce para a seguir Se
desvendar, Ele apenas caminha com os Seus discípulos.
Dito de outra forma, a mudança que faz passar o relato da
confusão à alegria pascal dá-se inteiramente no coração dos dois homens. Espantosamente,
eles já sabiam tudo, conheciam as Escrituras e sabiam que Cristo devia padecer
para entrar na glória. Algumas mulheres tinham-nos até perturbado com a história
do túmulo vazio e duma aparição de anjos. Mas essa emoção teria sido apenas
superficial. Será que tudo isto não nos remete a nós próprios ? Também nós
conhecemos as Escrituras e sabemos tudo a respeito de Cristo. Mas será que cremos
n’Ele e que isso nos toca ? Dois pormenores sugerem uma resposta a esta
pergunta. Primeiro, o companheiro de Cléofas não tem nome : Não será ele cada
um de nós ? Depois, os seus olhos abrem-se apenas no momento em que só lhes
resta o sinal da fracção do pão.
Cristo não Se dá a conhecer, mostrando-Se. A alegria de
Emaús é uma experiência de fé e de compromisso.