Actos 8, 26-40 ; Sal 65, 8-9.16-17. 20 ; João 6, 44-51
“O SEU DESTINO …” (Actos 8,26-40). Mais que sobre“o seu
destino”, o texto grego de de Isaías que o eunuco estava a ler, interroga-se
sobre “a geração” do servo, sobre a sua “descendência”: “Quem a poderá contar
?” Maltratado pelos que o rodeiam, o profeta servidor é morto; suprimido da
face da terra, não terá futuro, não terá descendência. Este texto despertou
certamente no eunuco o eco doloroso da sua deficiência: ele não tinha
descendência, no seu destino não havia qualquer esperança. Mas porque foi
atingido na própria carne, o eunuco pôde acolher o anúncio de Filipe que lhe
revela quem é Aquele que cumpriu a profecia por completo. Jesus é O servo humilhado,
condenado à morte, aparentemente sem descendência, mas que Deus reergueu dos
mortos para lhe gerar uma multidão de irmãos.
“SE MEU PAI NÃO O ATRAIR…” (João 6,44-51). Trata-se ainda
mais uma vez da nossa relação com O Pai. Não há excepções: o mais modesto
cristão, o mais pobre crente está sob a alçada dO Pai. “Ninguém pode vir a Mim
se Meu Pai não o atrair”. O mesmo dirá S.Paulo dO Espírito Santo: isto é
verdade não apenas para os “carismáticos”, até o acto de fé mais elementar
acontece apenas sob a Sua inspiração. “Eu vos declaro, ninguém pode dizer que
“Jesus é O Senhor” sem ser pelO Espírito Santo”. Sim, cada um de nós, nos actos
fundamentais da sua vida cristã, mesmo os mais simples ignorados pelos homens,
está sob a acção da Santíssima Trindade… Mas pode surgir nos nossos corações
uma inquietação: então, e os que não tenham estes favores divinos, não podem
aceder à vida cristã ? Jesus tranquiliza-nos: todos os homens são instruídos
por Deus. De que forma? É o Seu segredo. Para todo o homem há um tempo, um
momento, fixados pelO Pai na Sua sabedoria : pode ser no instante decisivo da
morte, em que o homem se encontrará só diante de Deus e, num acto de soberana
liberdade lhe é dado pronunciar o Sim ou o Não da sua eternidade. Jesus
alerta-nos para uma vã presunção dos crentes, que por terem já vislumbrado O
Pai na terra, se possam convencer que O reconhecerão nesse dia. Não !, só Jesus
viu O Pai.
Nós, para vermos um dia O Pai, teremos primeiro que ir a
Jesus, para O escutar, para conformar as nossas acções aos Seus ensinamentos,
para nos alimentarmos d’Ele, Pão da vida.