Actos 8, 1b-8 ; Sal 65, 1-3a . 4-7a ; João 6, 35-40
“TODOS AQUELES QUE O PAI ME DÁ” (João 6,35-40). Nós que temos a fé de Cristo, não estamos imunes a um certo farisaísmo: talvez digamos: nós somos os crentes e existem os outros, os não-crentes, senão malditos, pelo menos em risco de o serem. Jesus, neste evangelho, sublinha o carácter absoluta e divinamente gratuito da fé. Não apenas a fé é dom de Deus, mas nós mesmos, crentes, somos entregues pelO Pai a Jesus. Subtileza? Não ! Só O Espírito Santo pode fazer-nos entender o significado de ser entregues pelO Pai a Jesus.
A fé não é pois “alguma coisa” exterior a Deus de que nos
possamos apropriar. Ela é a relação viva entre O Pai e O Filho no seio da Vida
Trinitária. O Pai entrega-nos sem cessar aO Filho, e se O Filho acolhe os
crentes, não é pelas qualidades que eles tenham, nem sequer pela sua fé ; mas,
diz-nos Jesus, por causa dO Pai, porque Ele recebe tudo de Seu Pai e veio somente
para fazer a Vontade d’Aquele que O enviou. Ao desprender-nos de nós próprios,
Jesus não nos detém em Si mesmo e faz-nos voltar, com Ele, para O Pai. Isto
permanece um grande Mistério, impossível de exprimir, mas é a única explicação
que deveria arrastar o maior número de homens possível, a partir de hoje, nesta
relação entre O Pai e O Filho, para que O Pai em tudo seja glorificado. Quando
ouvimos as testemunhas relatar a conversão, somos tocados pela mudança radical
e profunda que se deu nas suas vidas. No seu itinerário, há claramente um
“antes” e um “depois” desta descoberta de Deus. Antes, a sua vida era marcada
por uma grande fome não saciada mas, depois da experiência que lhe abriu o
coração à fé encontram uma nova e definitiva orientação para a sua vida. Eles
foram surpreendidos pela Presença de Cristo. A palavra de Jesus tomou neles
carne e a sua alma ficou a partir daí saciada.
No fundo do coração de quem acredita, abre-se uma porta. Cristo
pode então entrar e levar-nos para essa Vida eterna. Aí, Ele é O Pão da vida, o
alimento dos que n’Ele esperam.